Os mares divagozosos de Osmar

O que é a fala? O que nos resta em palavras? Qual o poder de uma voz? Qual tom a se usar? Quando me expresso sou claro? Quando me expresso? Quantas vezes me coloco pra respirar o som do coração? O som das vozes que me inspiram, das vozes que mergulham em mim?
É possível falar sem se ver? É possível ver o que se fala? A fala diz o que eu quero dizer? O que eu vejo fala mais sem falar nada? 

Falar, falar e falar. Ato de bravura, de enfermidades, de expressão máxima para quem interpresa o mundo dessa forma. A voz falada tem poderes transgressores nas vidas que dependem delas. Quando sua voz é forte mas não se encontra em si mesma ela diz menos, sozinha, exposta consigo mesma dentro de um mar solitário.

As palavras ditas pelas mãos, pelo corpo, pela imagem traduzem outros sentimentos, outras fontes de sensação e de entendimento da realidade. Quando se diz para enxergar, se diz para sentir. Quando se enxerga o que se diz, ressoa, reverbera, repercute, reproduz, ecoa, retumba, reluz, cintila.

Os sentimentos impróprios se bagunçam e se misturam. As palavras entram em colapso, magnitudes em grande escala, reverberações desvairadas e contidas. Um mar. Ondas de mar. Ondar de amar. Ondas de salvação. Ondas de afogamento. Os continentes se reaproximam. A pangeia paisagia longos territórios desconhecidos dentro de si, que se unem, se reabitam, se completam. Lindos espaços de descobertas para sentir o tom certo. O ponto necessário de expressividade magnânima. 
Um mar se repete em funções estáticas, se transforma em espaços vagos, complemetna um índico estado fracionado de emoções. Repetidas vezes, as sensações atlânticas invadem subsolos, subáguas, submundos, sudescobertas, subpalavras.

Osmar vive num aguaceiro, uma enxurrada, uma encruzilhada, um carnaval desconfetado, uma vida mergulhada nas frias profundezas, retirante de si, bolhas navegantes, estouradas, sem sentidos, sem expressividade, sons abafados e repreendidos por seu próprio entorpecimento.

Um garoto, um possível poeta, um possível brincante com as palavras, um possível - impossível.
Há os que dizem, há os que não dizem e dizem, há os que dizem tudo e não dizem nada, há os que não dizem nada e dizem quase de um tudo, mas de tudo há também o nada e dos que dizem...eu não digo nada. Só nado, só nada, sonatas e serenatas.


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